Com 1.150 Km de extensão, o Tietê é o maior rio de São Paulo. Conhecido nacionalmente por cortar todo o estado, ele marca a geografia urbana da maior cidade do país (a capital paulista). Sua nascente fica no município de Salesópolis na Serra do mar a 1.120 metros de altitude. Apesar de estar a apenas 22 quilômetros do litoral, o rio jorra suas águas no sentido inverso, rumo ao interior, de sudeste a noroeste do estado até desaguar no lago formado pela barragem de Jupiá, no rio Paraná, entre os municípios de Itapura (São Paulo) e Castilho (São Paulo), cerca de cinquenta quilômetros da cidade de Pereira Barreto. Essa peculiar característica de correr no sentido contrário o tornou um importante instrumento na colonização do País.

Cortando toda a região metropolitana em direção ao interior, o Tietê está totalmente poluído (morto) no trecho da Grande São Paulo e capital paulista. O que causou tanto estrago foi a expansão desordenada da cidade e o consequente despejo de esgotos residenciais e industriais diretamente no rio. Para limpar a bacia hidrográfica que corta a cidade paulistana, seria necessário melhorar o sistema de canalização da região.

Histórico:

Segundo informações da Sabesp, para o trabalho de despoluição do rio, foi lançado em 1992 o Projeto Tietê, com a assinatura de um contrato de empréstimo entre o governo do Estado de São Paulo e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). De lá para cá, foram muitos outros contratos de empréstimo, e nada foi resolvido. A última promessa de solução foi feita no dia 13 de dezembro de 2013, quando o governador Geraldo Alckmin assinou com o presidente francês, François Hollande, acordos de cooperação prevendo a troca de conhecimentos e tecnologias entre a Sabesp e a entidade daquele país responsável pela despoluição do rio Sena.

Antes do convênio com o governo francês, o Japão foi oferecido como a solução para todos os males do Tietê. Em 2000, ainda na administração Mario Covas, R$ 375 milhões foram emprestados pelo país asiático para o rebaixamento da calha. Mais tarde, já governador, Alckmin chegou a dizer que as marginais Pinheiros e Tietê nunca mais inundariam, fruto dessa obra, mas acabou desmentido pela chuva.

Em 2010 a Sabesp recebeu novo empréstimo de US$ 63 milhões da Agência de Cooperação Internacional do Japão para a construção de estações de tratamento de esgoto.

Passadas pouco mais de duas décadas desde o início do programa, o objetivo continua sendo justamente implementar a infraestrutura de coleta e tratamento de esgoto nas cidades atendidas pela Sabesp na Região Metropolitana. Até 2015, o investimento chegará a US$ 3,6 bilhões, nas chamadas primeira (1992-1998), segunda (2000-2008) e terceira fases.

Segundo a companhia, a terceira fase (2009-2016), em andamento, beneficiará 1,5 milhão de pessoas com rede de coleta, e tratamento para mais 3 milhões de pessoas. O investimento é de US$ 2 bilhões. A coleta subirá de 84% a 87% e o tratamento, de 70% a 84%. A quarta e última fase “vai garantir a universalização do saneamento nas áreas regulares atendidas pela Sabesp. Essa etapa está em fase de financiamento e estará concluída até o fim desta década”, de acordo com informações da empresa.

BOX: Poluição X Crescimento desordenado:

O processo de degradação do rio por poluição industrial e esgotos domésticos no trecho da Grande São Paulo tem origem no processo de industrialização e de expansão urbana desordenada ocorrido nas décadas de 1940 a 1970, acompanhado pelo aumento populacional, em que o município evoluiu de uma população de 2 000 000 de habitantes na década de 1940 para mais de 6 000 000 na década de 1960.
Esse processo de degradação a partir da década de 1940 também afetou seus principais afluentes, como os rios Tamanduateí e Aricanduva, sendo no primeiro particularmente mais perigoso, pois o Tamanduateí trazia do ABC os esgotos industriais das grandes fábricas da região. A 
política de permitir uma grande expansão do parque industrial de São Paulo sem contrapartidas ambientais acabou por inviabilizar rapidamente o uso do rio Tietê para o abastecimento da cidade e inclusive para o lazer.

A partir das décadas de 1960 e 1970, a falta de vontade política dos então governantes, aliada a falta de consciência e educação ambiental da população anulou qualquer iniciativa em gastar recursos em sua recuperação degradando o rio a níveis muito intoleráveis nas décadas de 1980.

Fontes: Nova Escola; Wikipédia; Rede Brasil Atual, Blog do Rio Tietê

 

Visita ao Tietê

Quem passa pela avenida que recebe o mesmo nome do rio (Marginal Tietê), não imagina que aquele imenso esgoto a céu aberto, há 117 Km, em Salesópolis (SP), é um riacho de águas claras e totalmente despoluídas. No entanto, este cenário muda rapidamente, quando o rio começa a receber dejetos dos sítios e agrotóxicos das plantações. Passando pelo cinturão verde em Mogi das Cruzes e por outros municípios, o Rio Tietê já recebe todo o esgoto de diversas cidades. Quando chega a capital paulista já está totalmente poluído e cheio de lixo.

Por toda extensão que passa pela cidade de São Paulo, o rio recebe despejo de esgoto residencial e industrial, o que transforma sua água numa extensa língua preta, com um cheiro insuportável em dias ensolarados e secos.

Em diversos pontos da marginal, podemos avistar a grande quantidade de lixo acumulado se destacando garrafas pets, sacos plásticos e até restos de móveis, que são jogados pela população no rio.

Nestas condições o rio é totalmente morto no trecho urbano da Grande São Paulo, diminuindo a poluição somente há 269 km da capital paulista, próximo a cidade de Barra Bonita (SP).

 

BOX: TIETÊ NOME DE ORIGEM TUPI – SIGNIFICA “ÁGUA VERDADEIRA”, com a junção dos termos TI (“água”) e ETE (“verdadeiro”).

 

Box: Nascentes do Tietê.

Atualmente, com 1,34 milhão de m², o Parque “Nascentes do Tietê” preserva e valoriza a nascente do rio e a diversidade da flora, da fauna e características de seu entorno, permitindo que a sociedade usufrua desse exemplo de recuperação, como importante aprendizado de educação ambiental.

O parque encontra-se em área coberta por Mata Atlântica, com diversidade de plantas e animais. Possui como atrativos a observação das nascentes do rio Tietê; visitas monitoradas e educativas em quatro trilhas (da Nascente, da Araucária, da Pedra e do Bosque); um museu iconográfico com fotos sobre diversos aspectos do rio limpo ou muito poluído; o tempo em que era navegável abrigava competições; histórico sobre o rio; as cidades que percorre; a eclusa de Barra Bonita; e, ainda, uma sala das águas, onde através de vidros parecidos com tubos de ensaio, se analisa e observa a qualidade das águas.

Amostras de água do Tietê indicam também a cor da água que vai se alterando, de acordo com os municípios por onde o rio passa: Salesópolis, São Paulo, Pirapora, Salto, Tietê, Barra Bonita, entre outros. Atualmente, o Parque Nascentes do Tietê recebe mensalmente em torno de 2 mil visitantes.

As visitas ao parque acontecem diariamente, de segunda a domingo e feriados, das 8 às 17 horas. Fica na Estrada do Pico Agudo, altura do km 6 no Bairro Pedra Rajada, em Salesópolis, a 96 km da Capital.

O Parque foi criado em 11 de novembro de 1988 - por meio do Decreto Estadual 29.181 - que, em 1993 passa a ser administrado pelo DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica).

Histórico

A história da descoberta da nascente começou durante a comemoração do IV Centenário de São Paulo, em 1954. A Sociedade Geográfica Brasileira organizou uma expedição pelo rio Tietê, com o objetivo de revelar ao Estado uma grande descoberta: onde nascia o rio. Após estudos e mapeamentos, chegou-se a fonte, no município de Paraibuna, em terras pertencentes a Joaquim Antônio Pinto, mais conhecido como “Joaquim Chaves”, pecuarista da região. Paraibuna faz divisa com Salesópolis, que hoje, abriga oficialmente a nascente.

O tombamento da nascente, pelo CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimônio, Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo), ocorreu em 21 de fevereiro de 1990.

Em 22 de setembro de 1996, Dia do rio Tietê, foi inaugurado oficialmente o núcleo e assinado o convênio para implantação do parque, parceria entre o Governo do Estado (por meio do DAEE); a Fundação SOS Mata Atlântica (núcleo União Pró - Tietê); o GENT (Grupo Ecológico Nascente do Tietê); o Condema (Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente) de Salesópolis; e o Bioma (Educação Ambiental).

Todo o processo ressaltou a necessidade de recuperação dessa área de Mata Atlântica degradada por dois ciclos econômicos principais: primeiramente, o corte de madeira para utilização do carvão em siderúrgicas e, depois, a devastação da mata para pastagens. Após o tombamento, a recuperação da área vem ocorrendo satisfatoriamente, e que essas antigas pastagens foram cedendo lugar a nova vegetação, em alguns locais até com indícios de mata primitiva.

 

Experiências bem sucedidas

Sorocaba (95km) - SP

Quem passa por Sorocaba, município do interior paulista, pode conferir o trabalho de despoluição do rio que leva o nome da cidade. O que antes era considerado esgoto a céu aberto, hoje 16 anos depois, se transformou no orgulho dos moradores. Com águas claras e despoluídas os peixes voltaram habitar o rio que se tornou um dos principais pontos de lazer da cidade. Para se chegar a este resultado o município investiu pesado no saneamento básico. Atualmente 96% do esgoto coletado em Sorocaba é tratado antes de ser lançado ao rio. A meta é chegar ao índice de 100%, coletanto o esgoto de mais 8 mil residências. Para atingir este objetivo , a cidade precisa de uma nova ETE (Estação de Tratamento de Esgoto), que vai atender às casas e empresas dos bairros de Aparecidinha, Cajuru e Éden, na zona industrial de Sorocaba.

De acordo com o diretor do Serviço Autonômo de Água e Esgoto de Sorocaba, Wilson Unterkircher, o custo deste trabalho é de R$ 60 milhões e a verba foi cedida pelo governo federal. Segundo ele, a previsão de término é o ano que vem. “Essa última estação deverá estar concluída até março de 2015 para a gente fechar este ciclo”, afirma o diretor.

Trabalho em equipe

A despoluição do rio Sorocaba, que hoje recebe até pescadores, está concluída dentro da cidade, mas isso não deixa o local 100% livre de problemas. As cidades vizinhas, mais atrasadas no processo de tratamento, acabam fazendo com que a sujeira chegue ao rio, casos de Mairinque e Alumínio (SP), que despejam esgoto não tratado no córrego Pirajibu, que deságua no rio Sorocaba.

“Isso ainda é ruim, porque prejudica todo mundo que depende do rio, pessoas e animais. O impacto ainda é muito grande”, diz André Cordeiro, membro do Comitê da Bacia Hidrográfica dos rios Sorocaba e médio Tietê. As duas cidades estão trabalhando em estações de tratamento de esgoto, que só devem ser concluídas no fim do ano que vem.

Fonte: AI - SAAE/PMS

Jundiaí (60Km) - SP

Outro município que dá bom exemplo para o País é Jundiaí que também investiu na despoluição do rio que, assim como o Sorocaba, leva o nome da cidade. No Município o objetivo é mais ousado, pois além de 100% no tratamento de esgoto, a expectativa é que as águas do rio sirvam para o abastecimento dos moradores da cidade e de municípios vizinhos beneficiando 300 mil pessoas.

As obras para a despoluição iniciaram-se em 1985 e o sistema foi constituído basicamente por coletores tronco, interceptores e emissários ao longo do rio Jundiaí e de seus principais afluentes, interligados à rede pública coletora do município, somando uma extensão aproximada de 52 Km. Em 1998 foi inaugurada a Estação de Tratamento de Esgoto de Jundiaí.

Depois da construção da ETE, a água resultante do tratamento do esgoto passou a ser lançada ao Rio Jundiaí sem prejuízo ao meio ambiente.

Fonte: DAE – Jundiaí.

Reportagem: Sérgio Corrêa - Revista "O PROFESSOR" - SINPRO ABC - Edição Dezembro de 2014


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