“100 anos da Greve Geral no Brasil”

No dia 09 de julho o país comemorou 100 anos da primeira greve geral no Brasil.

O primeiro movimento de que se tem registro ocorreu em São Paulo, em um período de forte influência anarquista, mas também com participação dos socialistas. Era o início da organização operária no país. Nesse período também teve início a mobilização social que daria suporte ao fim da chamada República Velha e o surgimento do Estado Novo com Getúlio Vargas. Em 1943, foi criada a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), hoje objeto de “reformas” por parte do governo Temer.

1917 - Um marco do movimento operário no Brasil

A Greve Geral de 1917 ficou conhecida em todo o País pela paralisação da indústria e do comércio que aconteceu, em Julho daquele ano. O movimento surgiu como resultado de diversas organizações operárias. Esta mobilização foi uma das mais abrangentes e longas da história do Brasil.

O movimento operário mostrou como suas organizações (Sindicatos e Federações) podiam lutar e defender os direitos da classe trabalhadora de forma descentralizada e livre, mas com forte impacto na economia e na sociedade. A greve mostrou não somente a capacidade de organização dos operários, mas também que era possível realizar uma grande paralisação (greve geral) em todos os segmentos.

Como surgiu o movimento?

A industrialização fez surgir no Brasil um novo perfil social : O operário fabril. O movimento  começou a surgir ainda no final do século XIX, mas foi com a industrialização provocada pela Primeira Guerra que o sindicalismo cresceu rapidamente e se transformou em uma das principais forças políticas de sua época. Já em 1917, pode ser visto como um dos maiores movimentos operários do mundo.

No início do século XX o Brasil aumentou suas exportações. Em decorrência da Primeira Grande Guerra Mundial, o país passou a exportar grande parte dos alimentos produzidos. A partir de 1915 as exportações afetaram o abastecimento interno de alimentos, causando elevação dos preços dos poucos produtos disponíveis no mercado. Embora o salário subisse, o custo de vida aumentava de forma desproporcional, deixando os trabalhadores em más condições para sustentar suas famílias e fazendo com que as crianças precisassem trabalhar para complementar a renda doméstica.

Reivindicações

Os trabalhadores em greve exigiam aumento de salário. O comércio fechou, os transportes pararam e o governo impotente não conseguiu dominar o movimento pela força. Os grevistas tomaram conta da cidade por quase um mês.

As reivindicações eram: liberdade às pessoas detidas por conta da greve; Respeito ao direito das associações e sindicatos dos trabalhadores; Que nenhum operário fosse demitido por participar do movimento grevista; Fim da exploração do trabalho de menores de 14 anos;

Proibição do trabalho noturno para menores de 18 anos; Proibição do trabalho noturno para mulheres; Aumento de 35% nos salários inferiores a cinco mil réis e de 25% para os mais elevados; Data certa para o pagamento dos salários, a cada 15 dias, o mais tardar, cinco dias após o vencimento; Garantia de trabalho permanente; Jornada de oito horas e semana de trabalho de cinco dias; Pagamento de 50% em todo o trabalho extraordinário (horas extras).

Repressão do Estado

Na época governava o País, o presidente e advogado mineiro Venceslau Brás Pereira Gomes (1914-1918). Já em São Paulo, quem comandava o estado era o também advogado Altino Arantes (1916-1920) e que em favor da elite burguesa reprimiu duramente o movimento. A legislação culpava de crime a ação anarquista todos que participassem da greve. Estrangeiros envolvidos com a ideologia eram extraditados. Brasileiros eram presos e em ambos os casos humilhados em público.

Conclusão das paralisações

Os patrões deram um aumento imediato de salário e prometeram estudar as demais exigências. A grande vitória foi o reconhecimento do movimento operário como instância legítima, obrigando os patrões a negociar com os trabalhadores e a considerar e respeitar suas decisões.

Atividades Comemorativas

 

 


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