Pontos como a idade estipulada para a meta de alfabetização e o acompanhamento dos resultados são criticados por especialistas em educação
O Pacto Nacional de Alfabetização na Idade Certa, lançado nesta quinta-feira, 8, em Brasília , e visto como um importante passo firmado pelo governo federal com Estados e municípios para a melhoria da educação, já sofre críticas de especialistas consultados pelo jornal O Estado de São Paulo. Para eles, a idade estipulada na meta de alfabetização e o acompanhamento dos resultados são pontos que deveriam ser estruturados melhor.
"O mote de alfabetizar aos 8 anos, ao final do 3.º ano do ensino fundamental, é péssimo. Foi uma escolha política confortável para o Ministério da Educação (MEC)", afirma a consultora educacional Ilona Becskeházy.
Para Ilona, a leitura de textos simples e a compreensão de um ditado, por exemplo, poderiam se dar aos 5 ou 6 anos, como ocorre na maioria das escolas privadas. "A criança tem capacidade para se alfabetizar aos 6 anos. Estamos sendo pouco ambiciosos", comenta.
Duas avaliações serão aplicadas pelo MEC para o acompanhamento dos resultados do pacto: a Provinha Brasil - ao final do 2º ano do ensino fundamental -, e outra ao final do 3º ano. Essas iniciativas podem causar certo "estresse" nas escolas, na opinião da professora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP) Silvia Gasparian Colello.
"A gente não pode cair na loucura frenética de avaliar de forma demasiada. Hoje, as avaliações acabam se sobrepondo umas às outras, as federais, as estaduais, as municipais e as da própria escola. Precisamos racionalizar as práticas de acompanhamento dos resultados."
O pesquisador da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB) Antônio Testa avalia que, além de atrasado, o pacto deveria ser trabalhado como uma política de Estado - e não de governo. "Minha preocupação é que esse pacto saia da agenda rapidamente, como ocorreu com o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), e não se perpetue como uma política de Estado", afirma.
De acordo com Testa, o quadro de melhoria da educação básica, nos primeiros anos do ensino fundamental, só irá se concretizar depois que as famílias brasileiras passarem a participar mais da vida escolar. "Soluções pontuais para problemas estruturais não são capazes de mudar a realidade da educação básica. Os pais têm de participar mais e os governos, investir na educação infantil", comenta.
“Pacto pé no chão”
“Cauteloso e real” é como define o projeto o Membro do Conselho Nacional de Educação, Mozart Neves Ramos, quando são lembradas as diferenças regionais dos mais de 5 mil municípios brasileiros que já aderiram ao pacto, definido como “pé no chão”, por ele.
"O querer não é poder. Temos um país com realidades muito díspares. Mas é claro que Estados como o Rio e o Ceará, que já têm programas de alfabetização avançados, podem reduzir essa meta", avalia. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
Fonte: IG Educação
Pontos como a idade estipulada para a meta de alfabetização e o acompanhamento dos resultados são criticados por especialistas em educação

O Pacto Nacional de Alfabetização na Idade Certa, lançado nesta quinta-feira, 8, em Brasília, e visto como um importante passo firmado pelo governo federal com Estados e municípios para a melhoria da educação, já sofre críticas de especialistas consultados pelo jornal O Estado de São Paulo. Para eles, a idade estipulada na meta de alfabetização e o acompanhamento dos resultados são pontos que deveriam ser estruturados melhor.

"O mote de alfabetizar aos 8 anos, ao final do 3º ano do ensino fundamental, é péssimo. Foi uma escolha política confortável para o Ministério da Educação (MEC)", afirma a consultora educacional Ilona Becskeházy.

Para Ilona, a leitura de textos simples e a compreensão de um ditado, por exemplo, poderiam se dar aos 5 ou 6 anos, como ocorre na maioria das escolas privadas. "A criança tem capacidade para se alfabetizar aos 6 anos. Estamos sendo pouco ambiciosos", comenta.

Duas avaliações serão aplicadas pelo MEC para o acompanhamento dos resultados do pacto: a Provinha Brasil - ao final do 2º ano do ensino fundamental -, e outra ao final do 3º ano. Essas iniciativas podem causar certo "estresse" nas escolas, na opinião da professora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP) Silvia Gasparian Colello.

"A gente não pode cair na loucura frenética de avaliar de forma demasiada. Hoje, as avaliações acabam se sobrepondo umas às outras, as federais, as estaduais, as municipais e as da própria escola. Precisamos racionalizar as práticas de acompanhamento dos resultados."

O pesquisador da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB) Antônio Testa avalia que, além de atrasado, o pacto deveria ser trabalhado como uma política de Estado - e não de governo. "Minha preocupação é que esse pacto saia da agenda rapidamente, como ocorreu com o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), e não se perpetue como uma política de Estado", afirma.

De acordo com Testa, o quadro de melhoria da educação básica, nos primeiros anos do ensino fundamental, só irá se concretizar depois que as famílias brasileiras passarem a participar mais da vida escolar. "Soluções pontuais para problemas estruturais não são capazes de mudar a realidade da educação básica. Os pais têm de participar mais e os governos, investir na educação infantil", comenta.

“Pacto pé no chão”
“Cauteloso e real” é como define o projeto o Membro do Conselho Nacional de Educação, Mozart Neves Ramos, quando são lembradas as diferenças regionais dos mais de 5 mil municípios brasileiros que já aderiram ao pacto, definido como “pé no chão”, por ele.

"O querer não é poder. Temos um país com realidades muito díspares. Mas é claro que Estados como o Rio e o Ceará, que já têm programas de alfabetização avançados, podem reduzir essa meta", avalia.
As informações são do jornal O Estado de São Paulo.

Fonte: IG Educação

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