No segmento da educação básica, a presença de docentes do sexo feminino é mais acentuada do que em outros segmentos de educação. Segundo o último levantamento do Instituto Nacional e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), ‘Sinopses Estatísticas da Educação Básica - 2015’, de todos os 2,2 milhões de professores cadastrados, em âmbito nacional, um milhão e 750 mil docentes são mulheres.

Entretanto, se compararmos esses dados na educação superior, os resultados são extremamente diferentes. No mesmo estudo do INEP, só que focado na educação superior, ‘Sinopses Estatísticas da Educação Superior - 2015’, no Brasil, dos 401 mil docentes, apenas 182 mil são mulheres.

Ou seja, na educação básica, a cada dez docentes, oito são mulheres. Já na educação superior, esse número cai para 4,5 professoras para cada dez docentes.

Para a professora  Sandra Baraldi, presidente do Sinpro Jundiaí, este é um problema estrutural: “Uma questão cultural acima de tudo, e o instinto feminino também é muito presente no relacionamento professora com alunos do ensino infantil até o 5º ano do fundamental”.

Segundo o professor da Universidade de São Paulo e advogado Dalmo Dallari, autor do livro ‘Os direitos da mulher e cidadã’, aponta dois fatos pela maioria dos docentes da educação básica ser do sexo feminino:  “De um lado, a posição de professora era vista e ainda é vista como uma continuidade do papel de mãe. Outro aspecto, o fator econômico, essa função de professor primário tinha remuneração muita baixa. Por isso os homens iam fazer outras coisas, buscavam empregos em segmentos com maiores salários. A mulher, na época, apenas incrementava a renda”.

No Estado de S.Paulo, a disparidade é parecida com o restante do Brasil, dos 446.196 mil docentes, 81,9% são mulheres, 365.307 mil.

Apesar da profissão sofrer tantos preconceitos de gênero, é impossível não reconhecer a importância da mulher na educação básica. Segundo a professora e presidente do Sinpro Unicidades, Vera Gorron, as professoras têm um papel fundamental no crescimento dos alunos: “O papel da figura feminina na educação básica é fundamental, transmitindo ensinamentos que se levam para a vida toda”.

E a professora Sandra Baraldi também aponta outra função da mulher no mercado de trabalho: “O papel da professora é desenvolver seu trabalho da melhor maneira possível, exigindo condições de trabalho e um salário digno professora de ensino infantil não é uma extensão da mãe, da avó ou tia, é uma profissional como outro qualquer que merece respeito e valorização.”

Assim como o jurista Dalmo, as professoras Sandra e Vera concordam que um dos fatores do baixo número de homens na educação básica ainda é a remuneração no setor: “Apesar do espaço que existe para os homens em qualquer segmento da educação, com o baixíssimo salário acho improvável que insiram-se nesse segmento”, finalizou a presidente do Sinpro Jundiaí.

Fonte: Fepesp


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