O momento atual exige união dos movimentos sindicais na luta contra retrocessos nos direitos dos trabalhadores. A avaliação é consenso entre o analista político Antônio Augusto de Queiroz, diretor de Documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP), e o consultor sindical João Guilherme Vargas Netto. Para debater a conjuntura político-sindical em que vive o país, os dois se reuniram com os 25 sindicatos que integram a base da Federação dos Professores do Estado de São Paulo (Fepesp) na última terça-feira (28/06).

Para Antônio Queiroz, uma dura agenda está em curso no mundo do trabalho, pautada por ameaças a direitos trabalhistas conquistados ao longo de décadas de luta. Da terceirização à predominação do negociado sobre o legislado, o DIAP já havia feito um levantamento das principais matérias, as chamadas pautas-bomba, em tramitação no Congresso Nacional (ver aqui: As 55 pautas-bomba no Congresso). “Em nome dos direitos que terceirizados não possuem, por exemplo, a briga pela terceirização tira direitos daqueles que já os têm. É um absurdo”, alerta o analista político.

O cenário nebuloso, contudo, pode turvar o olhar para análises consistentes. Na visão de Vargas Netto, o país não vive a pior crise econômica de sua história. Mas, mesmo assim, ele pergunta por que temos uma sensação de crise profunda? “Nós estamos vivendo uma situação de transitoriedade política e recessão econômica. Há elementos instáveis e transitórios, provocando uma grande sensação de desarranjo”, avalia, em um cenário em que a taxa de sindicalização entre os trabalhadores se mantêm mas a ameaça de divisão das lideranças sindicais na avaliação do momento político se apresenta como um problema no enfrentamento ao desmonte de direitos trabalhistas promovido pelo governo interino nas ultimas semanas.

A recomendação apresentada pelo consultor sindical às lideranças sindicais foi a procurar a união possível entre entidades - inclusive para enfrentar, na área da educação, a grande concentração de empresas educacionais mais orientadas pelo que classificou como “rentismo”, ou busca pelo lucro, do que na qualificação de professores ou na formação de seus estudantes.

A suposta crise social, erros políticos cometidos pelo governo federal e a crescente mercantilização da educação estão entre os outros temas debatidos na quarta edição do seminário “Diálogos Fepesp”, que tem como objetivo qualificar dirigentes e representantes dos sindicatos que integram a base da Federação, além de tratar de questões relevantes ao meio docente.


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