Um dos principais problemas enfrentados pelos professores e professoras, agravado pelo excesso de trabalho e por salas de aula lotadas, é o comprometimento da saúde vocal. E esse foi o tema de audiência pública realizada hoje (12) na Câmara dos Deputados, na Comissão de Educação, para discutir o Projeto de Lei (PL) 2776/11, que que institui a Política Nacional de Saúde Vocal para Professores.

Durante a audiência, acompanhada pela coordenadora da Secretaria de Assuntos Institucionais da Contee, Nara Teixeira de Souza, o presidente da Associação Brasileira de Otorrinos, Eduardo Baptistella, defendeu a proposta, cujo objetivo é realizar exames médicos e fonoaudiólogos em todos os profissionais de ensino da rede pública e privada para detectar indícios de alterações vocais ou outras doenças relacionadas à voz.

O projeto também visa desenvolver programas de prevenção por meio de oficinas e palestras para orientar e habilitar os professores da importância da saúde vocal e do uso adequado da voz nas salas de aula.

Baptistella afirmou que a proposta é importante porque atua em três estágios: prevenção, diagnóstico e tratamento. Ele citou ainda o valor gasto quando um professor precisa ser afastado da sala de aula por problemas vocais. Segundo ele, a quantia só reforça a necessidade da prevenção. “Quando um professor é afastado, tem que ser colocado outro no lugar, então isso demanda custo. O professor afastado está recebendo e o professor que entra no lugar também vai receber. Um estudo do Sindicato dos Professores de São Paulo mostra que R$ 200 milhões por ano são gastos com absenteísmo do professor.”

A presidente do Conselho Regional de Fonoaudiologia de Goiás, Silvia Maria Ramos, que representou a Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia na reunião, explicou que, caso a política seja aprovada, os fonoaudiólogos poderão ajudar os professores “desde a promoção, fazendo palestrar, fazendo treinamento, até mesmo a reabilitação”.

O autor do projeto, deputado Saraiva Felipe (PMDB-MG), contou que já foi professor de cursinho e sabe que, além dos danos à voz do docente, a qualidade da educação também pode ser comprometida. “Podemos pensar nos prejuízos em termos da qualidade da educação oferecida, sobretudo, para a educação básica. Além disso, tem a questão econômica, o pagamento por muitas aposentadorias precoces, já que as pessoas ficam sem condições de utilizar profissionalmente a voz.”

Na audiência, foram utilizados dados da pesquisa realizada em 2010 pelo Sinpro-SP, em parceria com o Centro de Estudos da Voz, a qual questionou 3.265 a respeito dos problemas vocais, das quais 1.651 eram docentes. O resultado revelou que cerca de 63% dos professores já sofreram de alguma alteração vocal, em comparação com apenas 35% da população em geral.

A proposta aguarda relatório do deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) na Comissão de Educação, que foi o parlamentar que convocou a audiência. Em seguida, o texto será analisado pelas comissões de Seguridade Social e Família e de Constituição e Justiça e de Cidadania em caráter conclusivo.

Com informações da Agência Câmara


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