Mulheres ocupam as ruas do País em defesa da democracia e na luta por igualdade

Milhares de mulheres do campo e da cidade protagonizaram, nesta quinta-feira (8), atos e manifestações pelo Dia Internacional da Mulher em todas as regiões do Brasil

Elas saíram às ruas neste dia 8 de março para marchar por liberdade e intensificar a luta e a resistência contra o golpe de Estado que está desmontando as políticas públicas, em especial as relacionadas aos direitos das mulheres.

“Estamos nas ruas para garantir o Estado Democrático de Direito, para unir forças e derrotar os golpistas, que estão destruindo nossos direitos”, ressaltou a secretária nacional da Mulher Trabalhadora da CUT, Junéia Batista, que participou do ato na Av. Paulista, em São Paulo, onde estiveram reunidas milhares de trabalhadoras.

As mulheres, que levaram para as ruas diversas pautas de reivindicações, entre elas o fim da violência doméstica e do feminicídio, exigiram respeito, dignidade e igualdade de tratamento. As reivindicações foram exibidas em todas as partes, estampadas nas faixas, camisetas e bandeiras empunhadas pelas mulheres, além das palavras de ordem, que exigiam o direito de andar nas ruas sem ser assediada ou estuprada.

Confira como foi o dia de manifestações em todo País:

Logo cedo, às 5h30, o parque gráfico do jornal O Globo, na cidade do Rio de Janeiro, foi ocupado por cerca de 800 mulheres de diversos movimentos populares. Era preciso, segundo elas, denunciar mais uma vez a participação da emissora no golpe de 2016, que destituiu uma presidenta legitimamente eleita com 54 milhões de votos - Dilma Rousseff.

  • Na mesma linha de denunciar a participação do setor empresarial no golpe de 2016, cerca de 800 manifestantes ocuparam uma fábrica ligada à Riachuelo, na região metropolitana de Natal, no Rio Grande do Norte.
  • Em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, as mulheres trabalhadoras do campo e da cidade marcharam pelas ruas centrais em defesa da democracia e da soberania nacional e fizeram um protesto simbólico contra o feminicídio. Em seguida, elas se deslocaram para o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) para protestar contra a criminalização dos movimentos populares, a seletividade da justiça brasileira e o auxílio-moradia dos juízes.
  • Em Belo horizonte, Minas Gerais, cerca de mil mulheres ocuparam, pela manhã, a sede do Tribunal da Justiça Federal. "Hoje julgamos e condenamos a justiça brasileira, por seu caráter elitista, antidemocrático e antinacional", diziam as mulheres que participaram do ato.
  • Em Aracaju, as mulheres realizaram uma intervenção na porta do poder Judiciário, denunciando a omissão da justiça em relação à violência contra as mulheres, a exemplo dos 15 casos de feminicídio que ocorreram no estado de Sergipe entre 2016 a 2018.
  • Em Porto Velho, capital de Rondônia, cerca de 500 mulheres bloquearam o acesso aos portos de gás e gasolina. Mulheres ligadas aos movimentos sociais e sindical, à Frente Brasil Popular e Levante Popular da Juventude ocuparam o pátio do Centro Político Administrativo (CPA) da cidade, na região do Rio Pacaás.
  • Na Bahia, as trabalhadoras sem-terra ocuparam a fazenda da Frutmag, do Grupo Magnesita, em Santo Sé, que em 2013 demitiu 1.800 trabalhadoras e trabalhadores. Na cidade de Boa Vista do Tupim, na região da Chapada Diamantina, as trabalhadoras ocuparam a prefeitura em defesa da democracia e pela retomada da Reforma Agrária no país. Em 2017, nenhuma família foi assentada no Brasil, o pior resultado desde que o Incra passou a fazer o levantamento em 1995.
  • Em Brasília, houve ocupação na sede do Incra. Cerca de 200 mulheres participaram da ação que denunciou, além do avanço do agronegócio, o aumento da escalada de violência contra a mulher.
  • No Piauí, mulheres sem-terra ocuparam a sede do Incra, em Teresina, para exigir soluções para os entraves no processo de Reforma Agrária. Teve também manifestação na Praça Rio Branco, onde as mulheres se concentraram e depois seguiram em caminhada pelas ruas do centro da capital.
  • Em Fortaleza, no Ceará, 10 mil mulheres se concentraram na Praça da Bandeira e depois saíram em caminhada pelas ruas da capital contra o golpe, pelo fim da violência e em defesa da democracia.
  • Em Belém, no Pará, cerca de 400 camponesas marcharam pelas ruas da capital e escracharam a multinacional Hydro na Amazônia, a maior responsável pelo crime ambiental no município de Barcarena.
  • No Mato Grosso, as camponesas do MST ocuparam a fazenda Entre Rios, no município de Jacira, a 150 km de Cuiabá. A fazenda, que está penhorada no Banco do Brasil por empréstimos vencidos e também com dívidas na Receita por não pagar os impostos, foi o local escolhido pelas mulheres para a mobilização deste 8 de março.
  • Em Pernambuco, o Fórum de Mulheres do Araripe realizou um ato público contra o fechamento das escolas do campo.
  • Já na capital Maranhense, São Luís, outro grupo de mulheres ligadas ao MST protestou em frente à Assembleia Legislativa, e denunciou a violência no campo. Em 2017, foram 65 pessoas assassinadas em conflitos no campo, com registro de quatro chacinas durante o ano – Colniza/MT, Vilhena/RO, Pau D’Arco/PA e Lençóis/BA.

Fonte: Redação CUT

Foto: Roberto Parizotti