Em 2015, cerca de 55% das convenções e acordos coletivos foram celebrados pelos sindicatos com ganhos salarias. Foi o caso dos professores e professoras filiados ao SINPRO ABC, que tiveram a reposição da inflação + 2 de aumento real. Já outras categorias, por exemplo, em torno de 26% conseguiram repor integralmente a inflação do período, mas sem ganho real; e cerca de 19%, concluíram as negociações sem repor integralmente a inflação. Os dados, são de um estudo realizado pelo Departamento Intersindical de Estudos e Estatísticas Sócio Econômicas (DIEESE). Nesse trabalho pode-se observar o comportamento dos salários em termos de reposição e de aumentos reais.

De acordo com professor Celso Napolitano, presidente da Federação dos Professores do Estado de São Paulo (FEPESP), as negociações salariais neste ano foram muito mais difíceis que no passado. Segundo ele, “os patrões se aproveitaram da crise política e econômica que o país atravessa, com índices crescentes de desemprego e fizeram propostas com perda de poder aquisitivo, rejeitando qualquer possibilidade de avanço”.

 A verdade é que, apesar do momento de crise, as planilhas de custo que serviram de base para o reajuste das mensalidades nas instituições privadas, em outubro do ano passado, já previam o reajuste dos salários dos professores e professoras.

Segundo Napolitano, “nas escolas de Ensino Básico não houve queda significativa no número de matrículas. Não há que falar em inadimplência, em início de ano. Quando muito, há atraso de pagamento. No SESI e no SENAI, a caixa preta com o dinheiro público recolhido pelas indústrias e com a verba do PRONATEC  a negociação continua, só que agora com a mediação da justiça”.

Já no “Ensino Superior, o dinheiro do FIES e do PROUNI continuou abastecendo as mantenedoras e os grandes grupos educacionais lucram com a economia de escala e os enxugamentos da folha salarial”, afirmou Celso Napolitano.

No entanto, apesar da choradeira patronal, em nenhum momento os trabalhadores esmoreceram.  Os dirigentes sindicais mantiveram-se firmes na reivindicação principal: “nenhum direito a menos, nenhuma perda salarial”.

No Ensino Fundamental o acordo foi fechado para dois anos (2016/2017) com um reajuste de 11,50% para este ano e em 2017, além de repor a inflação teremos 1% de aumento real. E tudo de uma só vez.  Esse aumento sobre a inflação é importante: ele se incorpora no salário como aumento real, para sempre, e sobre ele serão calculados todos os reajustes futuros. Também garantimos um abono especial para recompor a massa salarial. Vale ressaltar que se a inflação persistir em alta, os salários estarão protegidos. Se a inflação diminuir, haverá ganho de poder aquisitivo, principalmente a partir de outubro.

Já no Ensino Superior o reajuste foi de 10,57%, sendo 7% a partir de 1º de março (data base) e 10,57% a partir de setembro, com abono de 21% do salário em outubro para completar a ‘massa salarial’ do ano.  O Abono faz com que o reajuste de 10,57% seja uniforme para a massa salarial dos doze meses deste acordo.

Comparativo com outras categorias

Na comparação com outras categorias economicamente importantes, como metalúrgicos, bancários e metroviários, podemos observar que nossos reajustes foram ligeiramente maiores. Ainda quando comparamos com categorias de professores de outros Estados, nossos reajustes continuam acima, só perdendo para o SINPRO-RS no segmento do Ensino Superior. Veja a tabela abaixo:

 

*Observações:

  • Metroviários de São Paulo: reajuste de 10,03% (sendo 7,5% em maio e o restante em novembro).
  • Metalúrgicos do ABC: reajuste de 10%, sendo 2,44% de aumento real e 7,39% de reposição do INPC.
  • Professores do Ensino Municipal de São Paulo: reajuste de 7,57%, sendo 3,85% em março e o restante em agosto.
  • Professores da rede estadual de ensino: Sem reajuste, professores da rede estadual de São Paulo entram em estado de greve.
  • Bancários: 10% de reajuste salarial.
  • Rodoviários do ABC: 8% de reajuste salarial.
  • SINPRO RIO: Educação Básica: 9,91% em duas parcelas, sem pagamento de abono – Ensino Superior: negociações paralisadas.
  • SINPRO MINAS: 9,91% em duas parcelas: 6% + 3,91% em agosto, sem pagamento de abono.
  • SINPRO RGS:  Educação Básica e Ensino Superior: 11,08%, sem pagamento de abono. 

Por fim, vale destacar que algumas dessas categorias, como a dos bancários, permaneceram em greve por mais de vinte dias, para arrancar 10% dos banqueiros, sem aumento real dos salários.